A Deficiência Energética Relativa no Esporte é uma síndrome resultante da baixa disponibilidade de energia que pode afetar a saúde dos ossos, imunidade, menstruação, síntese de proteínas, saúde cardiovascular e psicológica. Atletas que apresentam queixas como perda de peso, alterações de humor, fadiga crônica, lesões que não cicatrizam (lesões musculares e fraturas por estresse), gripes recorrentes, disfunções endócrinas e redução da resposta ao treinamento devem passar por uma avaliação detalhada da equipe multidisciplinar.
A deficiência de energia pode acontecer por ingestão calórica insuficiente (seja por uma desordem alimentar ou por uma baixa ingestão não intencional) e/ou por gasto energético excessivo (compulsão por atividade física ou treinos inadequados).
A energia é usada para o exercício físico, mas também para regular as funções corporais, como a cicatrização de tecidos, funcionamento cardiovascular e da menstruação. Quando o equilíbrio entre a ingestão de energia x gasto de energia fica em balanço negativo, o corpo reage reduzindo a quantidade de energia necessária para as funções corporais.
Os atletas mais afetados são os que competem em esportes de endurance, em esportes nos quais o peso tem papel importante no desempenho ou que tem a necessidade de atender a uma categoria de peso para competir. Apesar de existir mais relatos em mulheres, essa não é uma condição exclusiva do sexo feminino.
A tríade da mulher atleta foi descrita em atletas que apresentavam a combinação de desordens alimentares, ciclos menstruais irregulares e baixa densidade mineral óssea. Algumas mulheres acham que é normal não menstruar quando estão em um período de treinamento intenso.
Apesar de ser comum, NÃO É NORMAL! A desregulação hormonal, que leva à ausência da menstruação, é um dos sinais da deficiência energética. Outros sinais como ciclos irregulares, diminuição do fluxo, intervalo menstrual prolongado e manchas pré ou pós-menstruais devem ser investigados. A tríade da mulher atleta é apenas uma condição dentro dessa síndrome.
A Deficiência Energética Relativa no Esporte tem consequências em vários sistemas no corpo e conhecer seus sinais é fundamental, pois estes podem ser interpretados com consequências normais da atividade física. A detecção precoce é importante, assim como seu tratamento e o monitoramento pela equipe multidisciplinar. Atleta, técnico, médico, nutricionista, preparador físico e fisioterapeuta, todos devem estar atentos e atuar para corrigir o balanço energético do atleta, diminuir seu risco de lesão e perda de rendimento.
Texto: Evany Salvador, fisioterapeuta esportiva